Deflação: como funciona e seus perigos

O Risco Da Deflacao
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Deflação: como funciona e seus perigos

A deflação é o fenômeno do ganho do poder de compra da moeda ao longo do tempo. Sendo assim, é o contrário da inflação, onde o dinheiro perde valor. Economias onde reina a deflação têm dificuldade para manter os níveis de emprego, isso porque a população prefere entesourar moeda do que consumir.

A inflação nos assusta. Sempre que escutamos ou lemos esse nome, ficamos com medo dos preços subirem demais. A deflação, por outro lado, é muito mais perigosa e, mesmo assim, pouco divulgada ou temida pelo povo.

Isso decorre, em grande parte, do histórico brasileiro. Em outros cenários, como o japonês, por exemplo, o terror em virtude da deflação é enorme.

Para entendermos isso, veremos neste artigo o que é a deflação, como ela funciona e a forma de sua atuação no mercado financeiro.

Como funciona

A moeda só tem valor por aquilo que ela pode comprar. Esse poder de compra, todavia, varia com o tempo. Isso está relacionado com a quantidade de moeda na economia, com o comportamento dos agentes econômicos, entre outros fatores.

Ocorre deflação quando a moeda ganha poder de compra ao longo do tempo. Isso quer dizer, na prática, que o dinheiro no bolso de qualquer pessoa será capaz de adquirir cada vez mais mercadorias com o passar do tempo.

A implicação mais óbvia desse fenômeno é que as pessoas terão a tendência de postergar o consumo. Diante de uma moeda que valoriza sem risco algum e com liquidez infinita, guardá-la é o melhor negócio!

Essa reação da sociedade, entretanto, é danosa para a economia. Sem o consumo não há o investimento. Logo as empresas começam a demitir e o que era uma escolha de poupança para aproveitar a valorização se torna uma necessidade de sobrevivência. Entra-se, então, num ciclo de deflação e depressão econômica.

Deflação x Inflação

Se a deflação é o ganho do poder de compra da moeda ao longo do tempo, a inflação é o fenômeno inverso. Ou seja, é a perda do poder de compra da moeda ao longo do tempo.

Mesmo que pareça pior para as pessoas ter o dinheiro perdendo valor constantemente no bolso, isso não é verdade. Economistas de todas as escolas ideológicas concordam que entre os cenários moderados de deflação e inflação, o preferível é a inflação.

Não é atoa que os bancos centrais de todos os países colocam metas de inflação a serem perseguidas. Hoje, no Brasil, por exemplo, o Banco Central tem a meta de 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022.

Isso acontece porque um cenário moderado de inflação significa que a economia está girando. Por outro lado, um cenário moderado de deflação significa depressão.

Em outras palavras, é melhor perder algum poder de compra entre os períodos de reajuste dos rendimentos do que estar desempregado ou sem faturamento.

Mercado financeiro

Veremos o que acontece no mercado financeiro.

Deflação

Vamos supor que você pegue emprestado no banco a quantia de R$ 100.000,00 para pagar daqui 1 ano, sem juros. A economia, entretanto, está com uma deflação de 5% ao ano.

Na hora de pagar, portanto, serão desembolsados os mesmos R$ 100.000,00, mas eles terão um valor relativo a um ano anterior de R$ 105.000,00. Com efeito, você irá pagar R$ 5.000,00 a mais de poder de compra ao banco.

Inflação

Deflacao Vs Inflacao
Deflaçao Vs Inflaçao

Veremos, agora, o mesmo exemplo, mas num cenário de inflação de 5% ao ano. De novo: o empréstimo é de R$ 100.000,00 por 1 ano e sem juros.

Na hora de fazer o pagamento, então, o investidor terá que desembolsar os mesmos R$ 100.000,00. O problema é que neste cenário o valor real (descontado a inflação) pago é de R$ 95.238. Ou seja, paga-se menos R$ 5 mil aproximadamente de poder de compra.

O que se verifica, logo, é que quanto maior a inflação, maior a pressão dos emprestadores para o aumento dos juros. Isso para compensar as perdas que terão no cenário real com a perda do poder de compra ao longo do tempo.

Por outro lado, a deflação prejudica aqueles que querem financiar a expansão de fábricas ou abrir uma nova empresa. Esse é mais um problema da deflação e culmina, dessa forma, em recessão econômica.